o estrangeiro


De olhos negros vivos, atenta-me o estrangeiro.
Parece dizer-me quantos segredos guarda a terra molhada.
Ordena-me assim: - Levanta-te, menina!
E eu vou para lhe responder mas entretanto os meus pés correm vida fora
Quero parar mas prossegue a dança sobre os cabelos escovados
E eu não paro por causa dos olhos, dos malditos arrepiantes olhos,
Que me observam com tanta atenção podem,
Sem quererem nunca saber se estou preparada 
Para me desembaraçar das linhas escuras que lhe fazem o nariz
E o pescoço, que lhe corre corpo abaixo, como o rio onde me lavo,
Passeia-me a alma. 
Ele ensina-me coisas, o estrangeiro.
Ensina-me coisas de verdade!


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